Tensão marcou audiência após vaias a representante do Executivo e embate entre deputados
Deputados de oposição e trabalhadores da Copasa se mobilizaram nesta quarta-feira (24/9) para pressionar o governo de Romeu Zema (Novo) e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) contra a proposta de privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
Segundo o Sindágua, cerca de 1.500 trabalhadores da companhia participaram da audiência pública que discutiu a PEC que elimina a exigência de referendo para a venda da estatal. Parlamentares de oposição também compareceram em peso.
O representante do governo no encontro, o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Frederico Amaral e Silva, foi recebido com vaias ao defender a privatização. Ele argumentou que a medida é necessária para ajudar na amortização da dívida estadual com a União, que ultrapassa R$ 170 bilhões. Segundo o secretário, a venda da Copasa poderia reduzir em dois pontos percentuais os juros da dívida ao garantir o pagamento de, pelo menos, 20% do estoque ainda este ano.
O projeto enviado pelo Executivo prevê ainda que parte dos recursos da privatização possa ser destinada a investimentos obrigatórios do programa Propag em áreas como educação e saúde. Frederico também defendeu que a concessão privada permitiria ampliar a cobertura de esgotamento sanitário em municípios que hoje não contam com o serviço — declaração que gerou novos protestos do público.
Clima tenso na audiência
O debate se acirrou após o deputado Lincoln Drummond (PL) criticar as vaias dirigidas ao secretário. Ele foi novamente interrompido pelo público, o que levou a uma discussão com o presidente da Comissão de Trabalho, deputado Betão (PT).
O presidente do Sindágua, Eduardo Pereira, destacou o papel social da Copasa e criticou o andamento da PEC. “Belo Horizonte, que representa 27% da arrecadação da empresa, subsidia regiões mais pobres do estado. Privatizar significa romper com essa função social. O que está acontecendo nesta Casa é um golpe contra a população do nosso estado”, afirmou.
Representantes de outras categorias também participaram. O coordenador-geral do Sindieletro-MG, Emerson Andrada, acusou o governo de tentar dividir os movimentos ao retirar a Cemig da PEC. Ele também denunciou mudanças no plano de saúde da empresa, que, segundo o sindicato, encarecem o benefício e dificultam o acesso dos trabalhadores.
Estratégia da oposição
Ao final da audiência, o líder da oposição, deputado Ulysses Gomes (PT), apresentou a estratégia para barrar o avanço da PEC: obstruir sua tramitação em todas as fases. A meta, segundo ele, é atrasar a votação da retirada do referendo por até 50 dias.
Já o presidente da Comissão de Trabalho anunciou que pedirá a convocação do presidente da Copasa, Fernando Passalio de Avelar, para a próxima sessão da comissão.
